domingo, 21 de fevereiro de 2010

A espera

Você tem horas? – Sim, mas ninguém gostaria delas. Toda vez que retrocedo, vejo o passado se insinuando em meu presente como se tivesse o direito de ser futuro. Que petulância há na felicidade plagiada dos clichês com que a memória se apresenta, sua maquiagem de horizonte e um sorriso falso com dentes emprestados da esperança, a mesma com que o futuro se pavoneia em nossos devaneios para merecer um passo. Mas não é conveniente me delongar, e foi mais um passo, informar à sombra humana que se apresentava diante de mim uma reprodução verbal dos dados que o relógio apontava.
André Díspore Cancian

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